INTERVIEWING – DECO FARKAS

Born and raised in the vibrant Brazilian city of São Paulo, André Farkas (aka Deco Farkas), is the type of artist who invites you to take a walk on the other side through his dreamlike and staggering paintings. He studied art at FAAP University (Fundação Armando Alvares Penteado) and quickly learned that he didn’t belong to nor identify with the atmosphere of the contemporary art world. Halfway through his studies, he started painting on the streets and that’s when the world opened up to him. Farkas knew that public art was exactly what he was looking for, and fortunately, he never looked back. He describes his street art discovery as an awakening process. The liveliness present behind layers of intricate strokes and bold color palettes is what makes Deco a true artist. An artist that offers the viewer something that makes them feel before anything else, without restrictions or complex analysis. A childhood growing up around artists, his grandpa being Thomaz Farkas, one of the pioneers of modern photography and his dad being a graphic designer, Farkas is able to freely express his own fascinating vision of the world. Meet him and his work – be aware: it’s a one way ride.

Find more of his work here and here.

*Essa entrevista foi feita originalmente em Português. A versão completa em Português se encontra no final do post.

 

DECO – It was very interesting to participate in such a big and important spectacle, with huge visibility. I worked with Daniela Thomas and Fernando Meirelles, two directors with an extensive experience and very open and receptive to new ideas. After a couple meetings and brainstorm sessions, we came to the conclusion that hand gestures are part of this universal cultural repertoire and it would be a good idea to explore them. Everything from classic fight gestures such as the fight symbol, peace and love and even the “hang loose” that is present in many Brazilian funk songs, such as “Ta tranquilo, ta favoravel”. Once all of the gestures got approved, we started the production of the giant inflatables along with the french company “Plasticiens Volants”. They created small mock ups first and then the installations ended up being over 9 meters in height. I was lucky because we quickly learned that it would be cheaper to send me to France to paint them instead of bringing everything down to Brazil. It was 3 intense weeks of a lot paint, solvents and compressors to finalize the 4 pieces.

 

I noticed that your murals have extremely surrealistic characteristics to them but I also feel like above all else, they function as an invitation for deeper observation. Is there an ultimate goal behind them? Or maybe none?

DECO – I think there is a higher goal behind them, I’m just not quite sure what it is! I don’t like the idea of offering an already “figured it out” path to the viewer. When people ask me “so what does this painting mean?” I always answer by saying “I don’t know!”. I like to play with the surreal, since all the messages found in society are made to simply communicate through logic and reason. I let the ideas emerge from deep down in my mind without trying to adapt them to reason or a specific concept. This way, they communicate better with people, that also have a whole irrational, crazy and misunderstood parallel universe inside their heads.

I always ask this question because I really believe is extremely relevant and I’m always surprised with the answers I get! Do you listen to music, podcasts, TV, radio and etc when you’re working/painting?

DECO – When I paint on the streets I never listen to music. It bothers me, I’d rather be more present and aware, especially when the painting is not authorized… When I’m painting at home, I listen to all kinds of things. From James Blake to viola caipira, from Caetano Veloso to Kendrick Lamar, to Coltrane, Ali Farka Touré, to really sink into the work and forget about everything else.

I found a particular interview on your website that you mention a big influence in your work from the art world, such as the modernists. Who are they?

DECO – The modern painters are one of them because that was the moment that painting stopped being just a “representation”, stopped having a portrait functionality and started being just a painting and re discovering itself as a painting. I like Picasso for the restlessness, the exploration and the detachment. Van Gogh for the rhythm and contrasts, Kirschner, Andre Derain and Matisse for the colors and Cezanne for the texture. And David Hockney for everything, because he is the ultimate supreme master! Bless him.

Do you prefer painting murals or gallery works? In other words, how do you find a balance in between the two practices?

DECO – Painting on the streets is the most incredible thing to do, you get to really live the city space to the maximum and you collaborate with it. You meet people, understand people, see things, smell things and forget about everything for a second by doing what you love. Painting at home is more of a study and everything changes when you paint in your studio with the limitations of the canvas. There are positive things about it, such as the calm, the details and the control. But you also lose somethings, like the spontaneity. Painting at home and on the streets are independent from each other. I’m no longer represented by any gallery and I am happier this way. I sell my work on Instagram and it helps pay the bills without having to attend art gallery openings.

Are there any special projects in the near future? Or something you are currently working on that we should get excited about?!

DECO – In the future, I would like to keep painting on the canvas, on the streets and everywhere else! But for now I am working on a traditional animation for a children’s music video for the band Fera Nenem – it’s coming out good! The release date is December 16th. I am also going to paint the gable of Galeria Ouro Fino, with artist Chivits. It’s the largest mural I’ve done so far. It will be over 3229.17 square feet! It’s supposed to be completed before the end of the year!

Follow Deco on Instagram – @decotreco

 

ORIGINAL INTERVIEW IN PORTUGUESE

Oi Deco! Valeu por ter topado fazer essa entrevista logo de cara! Quando eu estava lendo sobre o seu trabalho, eu vi que você fez quatro instalações infláveis incríveis para a abertura das olimpíadas no Rio em 2016. Como que foi o processo de criação por trás desse trabalho?

DECO – Foi muito interessante participar de um espetáculo tão grande e importante como esse, com uma visibilidade monstruosa. Trabalhei junto com a Daniela Thomas e o Fernando Meirelles, diretores com muita experiência mas muito receptivos a novas idéias. Depois de algumas reuniões e brainstorms chegamos à conclusão de que os gestos manuais fazem parte do repertório cultural do mundo inteiro e que seria uma idéia bacana explorá-los, desde os clássicos gestos de luta e resistência do punho cerrado, do “paz e amor” e do “jóia” até o hang loose do funk “tá tranquilo, tá favorável”. Depois de aprovados os gestos partimos para a produção dos infláveis gigantes junto à companhia francesa de espetáculos “Plasticiens Volants”, que criou pequenos modelos em escala antes dos infláveis em tamanho real, com mais de 9 metros de altura. Para minha sorte descobrimos que seria mais barato me enviar à França para pintá-los do que trazer toda a infra-estrutura para o Brasil nessa etapa de pintura. Foram 3 semanas intensas de muita tinta plástica, solventes e compressores para finalizar os 4 infláveis.

Eu percebi que seus murais possuem características extremamente surrealistas, mas sinto que acima de qualquer coisa, eles funcionam como convites para reflexão e questionamento por parte do espectador. Existe algum tipo de “objetivo maior” por trás dos seus murais? (ou talvez nenhum?)

DECO – Eu acho que existe um objetivo maior sim, só não sei exatamente qual ele é! Eu não gosto da idéia de oferecer um caminho mastigado e direcionado pro espectador… Quando me perguntam “o que você quer dizer com essa pintura?” eu sempre respondo “não sei”! Gosto de brincar com o surreal, já que todas as mensagens visuais na sociedade são feitas para comunicar através da lógica e da razão. Deixo as idéias emergirem do fundo da minha caixola sem enquadrá-las, sem adaptá-las à razão ou a um conceito,  assim elas comunicam melhor com as pessoas, que também possuem um universo irracional incompreendido e maluco lá no fundo de suas cabeças.

Eu quase sempre faço essa pergunta porque realmente acredito que seja uma das mais relevantes e sempre me surpreendo com as respostas! Você ouve musica, podcast, TV, radio e etc quando está trabalhando/pintando?

DECO – Quando pinto na rua eu nunca ouço música. Me incomoda, prefiro estar mais presente, atento e disponível naquele momento, principalmente quando a pintura não é autorizada… Quando estou pintando em casa boto todo e qualquer tipo de som. De James Blake à viola caipira, de Caetano Veloso à Kendrick Lamar, à Coltrane, à Ali Farka Touré, pra afundar no trampo e esquecer de tudo.

Em uma das entrevistas que encontrei no seu site, você mencionou uma grande influência do mundo da arte no seu trabalho, como os modernistas. Quem são eles?

DECO – Os pintores modernos são influência porque foi nesse momento que a pintura deixou de “representar”, de ter uma utilidade retratista e passou a ser pintura em si, a se descobrir como pintura. Gosto de Picasso, pela inquietude, pela exploração, pelo desapego. Van Gogh pelo ritmo, contrastes,  Kirschner, Andre Derain, Matisse,  pelas cores, Cezanne pela textura. E o David Hockney por tudo, que ele é o mestre babalorixá do supremo interminável amém.

Você prefere pintar murais ou trabalhos de galeria? Em outras palavras, como que você encontra um equilíbrio entre as duas práticas?

DECO – Pintar na rua é a coisa mais incrível que tem, você vive o espaço da sua cidade até o fundo, você contribui com ele. Você conhece gente, entende gente, vê coisas, sente cheiros e esquece de tudo por um tempo fazendo o que gosta. Pintar em casa é mais um estudo, tudo muda na pintura quando você faz no conforto do ateliê e no limite da tela. Tem coisas que a pintura ganha, como calma, detalhes, controle. Mas tem coisas que ela perde, como a espontaneidade. Pintar na rua ou em casa, uma coisa independe da outra. Não sou mais representado por nenhuma galeria e sou mais feliz assim, vendo minhas pinturas pelo Instagram e elas ajudam a pagar as contas sem precisar ir a vernissages.

Algum projeto especial para o futuro? Ou algo que você está trabalhando no momento e que a gente deveria se animar?!

DECO – Pro futuro quero continuar pintando, na tela, na rua e numa casinha de sapê! Mas agora estou trabalhando em uma animação tradicional, quadro à quadro, para um videoclipe infantil da banda Fera Neném, e tá ficando massa! O lançamento é dia 16 de dez. Também vou pintar a empena da Galeria Ouro Fino, junto com o artista Chivitz, o maior mural que já fiz até agora, com mais de 300 metros quadrados. Deve ficar pronto até o fim do ano!